Era uma noite extremamente fria, uma densa neblina tomava toda a floresta, junto, um forte sereno insistia em cair. Em uma cabana alugada, Ernest estava sentado próximo à lareira, na sua frente, seu precioso notebook onde começava a escrever as primeiras linhas de seu novo livro. Naquele momento, Ernest não precisava de mais nada, pois estava aquecido e, ao seu lado, havia um bule cheio de café e uma caixa de charutos.
Depois de trabalhar no livro por algumas horas, Ernest decidiu fazer uma pausa para descansar e relaxar fumando um belo charuto.
E lá estava Ernest, deitado no sofá, em uma das mãos segurava o charuto, enquanto a outra servia de apoio para sua cabeça. Sonolento, não queria sair do sofá tão cedo, porém, algo fora da cabana chamou sua atenção.
O barulho na varanda parecia estar sendo provocado por um animal de grande porte. Devido a respiração e os rugidos que o bicho emitia, Ernest pensou que se tratava de um urso. Ele até tentou avistar o animal pela janela, mas a escuridão era intensa, não se via nada fora da cabana. O animal ficou por ali durante um longo tempo, Ernest podia ouvi-lo dar a volta na cabana revirando as coisas.
Ernest voltou a se deitar no sofá, mas estava inquieto, pois nunca havia visto um urso de perto, até que, sua curiosidade venceu e ele fez a loucura de pegar uma lanterna e sair da cabana. Ao sair, percebeu que o animal estava por ali, bem próximo, em meio a alguns arbustos, mas, ao iluminar o bicho, teve uma terrível surpresa, não era um urso. Aquele animal, grande, peludo, com olhos vermelhos e dentes pontudos, ao ver Ernest, partiu em sua direção para atacá-lo. Ernest correu para dentro da cabana e rapidamente fechou a porta, mas o animal descontrolado, forçava a entrada na cabana através de investidas violentas contra a porta. Sem saber o que fazer, Ernest se trancou no banheiro, pois era o local mais seguro a se ficar, retirou do bolso um pedaço de papel com um número de telefone que o dono da cabana passou para caso de emergência. Tentou por diversas vezes fazer a ligação, mas suas mãos tremiam tanto que ele não conseguia apertar as teclas do seu telefone celular. O animal enfurecido, depois de tentar por várias vezes, conseguiu arrebentar a porta e adentrar a cabana. Depois de inúmeras tentativas, Ernest conseguiu falar com o senhor, o dono da cabana, um homem chamado Jack, que estranhamente parecia saber do que se tratava e disse que chegaria logo. Por quase uma hora trancado no banheiro, Ernest ouviu o animal destruir a cabana em sua procura, e depois de ouvir os uivos aterrorizantes, teve a certeza que nunca se tratou de um urso, e sim de algo muito pior, algo sobrenatural, um lobisomem. Até que, por um breve espaço de tempo, tudo ficou em silêncio, mas logo depois, sons de tiros foram ouvidos por Ernest. Um homem entrou na cabana chamando por Ernest, que ao vê-lo, sentiu um enorme alivio. O homem pediu para Ernest se apressar, para que pudessem sair o mais rápido possível daquele local. Ernest só teve tempo de pegar seu notebook que estava no chão e, junto com o homem correr até uma caminhonete onde estava Jack, mas algo no caminho o chocou ainda mais. Um dos homens que acompanhavam Jack foi atacado e morto pelo lobisomem, o corpo do rapaz ficou desmembrado. Como ninguém podia fazer mais nada, entraram na caminhonete e saíram em alta velocidade.
Depois de tudo, mais calmo, Ernest ouviu do dono da cabana que ele não foi o primeiro a passar por aquilo. Há cerca de dez anos antes, um homem foi morto por um lobisomem em frente à cabana, o tempo passou e, achando que não aconteceria mais nada, Jack voltou a alugá-la. Por várias vezes Jack pediu desculpas a Ernest, que aceitou sem hesitar, mas disse que sentia muito pelo rapaz que foi morto brutalmente.
Depois desse terrível acontecimento e a morte de um amigo, Jack, o dono da cabana, decidiu demoli-la.
Autor : Felipe AG