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segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

A Cidade das Almas Perdidas


Dave estava no meio de uma viagem com sua família quando o motor do carro em que estavam fundiu. Ele parou o carro no acostamento e tentou chamar um guincho, mas o seu telefone celular não dava sinal. Dave e sua família ficaram parados por mais de duas horas, e nesse tempo todo, não passou nenhum outro carro pelo local. O ponto da estrada em que pararam ficava muito longe da cidade e era cercado por muita vegetação e muitas árvores, a maioria delas enormes. Só depois de muito tempo, notaram que escondida entre a vegetação, havia uma placa que dizia: XXX 1,5 KM, e havia também uma pequena estrada de terra adentrando a mata. Liza, esposa de Dave, decidiu seguir a trilha para ver se encontrava alguém para ajudá-los. Ela acreditava que aquele caminho a levaria até algum lugar habitado. Então, Liza pegou seus dois filhos e começou a andar pela trilha, enquanto Dave ficou no carro esperando, caso alguém passasse pela estrada.
O tempo foi passando e nenhum outro carro trafegou por ali. Dave foi ficando preocupado com sua família e tentou ligar para Liza, mas o celular continuava sem sinal. Percebendo que logo escureceria, Dave decidiu pegar o caminho e ir atrás de sua família.
Ao chegar no final da trilha, Dave avistou uma cidadezinha, e quando se aproximou, notou que ela estava totalmente abandonada. Várias casas, comércios e até uma igreja estavam bastante deteriorados, como se a cidade estivesse abandonada há muito tempo. Dave começou a andar pelas ruas chamando pelo nome de sua esposa, mas não obteve nenhuma resposta. O silêncio era perturbador, o único som que Dave escutava era o som de seus passos nas ruas empoeiradas daquela estranha cidade. Cada minuto que passava, Dave ia ficando mais preocupado, ainda mais porque logo a noite chegaria.
Dave encontrou o que parecia ser um bar, o estabelecimento estava com a porta aberta. Ao entrar, Dave sentiu um forte cheiro de comida estragada. No balcão, havia um prato ainda com comida e também vários copos, a maioria deles com bebidas. Nas mesas, havia garrafas, copos, jornais e até um jogo de baralho. Era como se as pessoas tivessem sumido de repente, deixando tudo o que estavam fazendo, deixando todas as coisas no lugar, no exato momento em que desapareceram.
Dave saiu do bar sentindo enjôo devido ao cheiro desagradável, e no momento em que passava em frente a uma casa, começou a ouvir a voz de seu filho, mas não dava para entender o que ele dizia. Dave, confuso, ficou em frente a casa chamando pelo seu filho, mas ele continuava falando como se conversasse com alguém, sem responder ao chamado de Dave. Preocupado, Dave começou a bater na porta da casa, mas tudo continuou como estava. Ele continuava a ouvir o som da voz de seu filho sem compreender o que ele dizia. Dave decidiu forçar a porta até arrombá-la. Ao entrar, Dave encontrou a casa na mesma situação do bar. Na sala, roupas e chinelos, e na cozinha, panelas com comida, a mesa com copos e pratos. Tudo largado. A voz de seu filho vinha do andar de cima. Então, Dave subiu as escadas rapidamente, e quando chegou lá em cima, ele encontrou dois quartos com as portas abertas. No primeiro, apenas uma cama com os lençóis e cobertores revirados e um guarda-roupa velho. No segundo levou um susto ao ver um homem sentado na cama com as mãos no rosto e os cotovelos apoiados nas pernas. Dave reparou que havia marcas de sangue no chão e nas paredes. Dave foi se afastando devagar, até que, o homem percebeu sua presença e levantou rapidamente da cama. Ele estava com diversos ferimentos pelo corpo, e sangrava muito pela boca e nariz. O homem, com uma voz estranha e rouca, pediu para que Dave fosse embora. Dave desceu as escadas rapidamente e correu para fora da casa. Ao passar pela porta da frente, ela foi fechada violentamente. Dave ficou sentado em uma calçada se recuperando do susto e, desesperado, começou a gritar pelo nome de sua esposa. Alguns segundos depois, Dave começou a ouvir a voz de Liza chamar por ele. Dave seguiu o som da voz e percebeu que ele vinha da velha igreja. O portão estava aberto. Mesmo confuso e com muito medo, Dave entrou, mas a porta de entrada da igreja estava trancada. Ele reparou que nessa porta havia uma espécie de símbolo com alguns dizeres estranhos. Dave lembrou que também viu esse símbolo no bar e na casa que ele havia entrado. A voz de Liza continuava a chamar por Dave, que mesmo assustado, pegou um corredor que ficava entre o muro e a parede lateral da igreja e seguiu até os fundos. O corredor também continha um enorme rastro de sangue que ia até o jardim nos fundos da igreja. Encostada a uma pequena árvore, havia uma velha senhora, com os cabelos bem compridos e grisalhos, que em sua mão esquerda, segurava o pedaço inferior de um braço. Ela parecia mastigar alguma coisa. A velha se levantou e começou a ir em direção ao Dave, ela também estava com uma aparência assustadora. Dave correu e a velha foi atrás dele gritando assustadoramente. A velha corria muito rápido pela idade que ela aparentava ter. Depois de correr por alguns metros, Dave conseguiu se livrar da velha. Por essas horas já estava começando a escurecer, e Dave, desesperado e sem saber o que fazer foi indo em direção à saída da cidade. Foi nesse momento que ele viu a luz de uma lanterna vindo pela estradinha. Dave foi se aproximando aos poucos e viu que a lanterna era de um policial. O policial levou um susto quando viu Dave se aproximando, e quase deu um tiro se Dave não gritasse. O policial disse que viu o carro parado no acostamento e decidiu investigar. Dave contou tudo o que havia ocorrido, e pensando que o policial discordaria dele, se enganou. O policial contou que há muito tempo naquela cidade, havia uma seita de adoradores do diabo, e que houve muitos assassinatos e suicídios, mas não sabia como todos os moradores sumiram. Esse policial acreditava que essas pessoas foram punidas, receberam um castigo pelas atrocidades que elas faziam, e hoje seus espíritos sofridos vagam pela cidade. O policial também disse que foi um erro não ter demolido toda a cidade, e que a família de Dave não foram às primeiras pessoas a desaparecerem. Enquanto voltavam para a estrada, o policial mostrou um cemitério que ficava no meio da mata, onde os corpos dos executados eram enterrados. Foi nesse momento que os dois começaram a escutar sons de passos vindo pelo caminho, saindo da cidade em direção a eles, foram se aproximando até que o policial, conseguiu com sua lanterna, clarear o que estava perto deles. Eram várias pessoas, todas elas com aparência medonha, olhos avermelhados, corpos esqueléticos e com ferimentos sangrando sem parar. Dave e o policial correram em direção a estrada, e foram perseguidos por aquelas pessoas até chegarem ao carro de policia. Ao entrarem no carro, as pessoas o cercaram e ficaram batendo no vidro. Desesperado, o policial ficou acelerando durante alguns segundos até conseguir se livrar, e sair atropelando algumas daquelas pessoas. Aterrorizado, o policial não conseguiu controlar o carro e acabou batendo alguns metros adiante. O carro capotou várias vezes.
No dia seguinte, encontraram o carro da policia todo amassado com marcas de sangue em forma de mãos humanas nos vidros e o carro de Dave estacionado a beira da estrada. Havia também marcas de sangue no asfalto como se alguém tivesse arrastado corpos de pessoas para dentro da mata. As autoridades que sabiam do fato, arrancaram a placa e cobriram todos os vestígios da estradinha que levava até aquela cidade, para que ninguém mais fosse até lá.

Autor : Felipe AG

3 comentários:

  1. Nossa, confesso que são poucas as histórias sobre cidades assombradas que me assustam, essa me deixou......receiosa!

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  2. garoto na boua além d vc ser gatinho escreve muito bem e é bem criativo parabéns *-----------------*

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